quinta-feira, 21 de abril de 2011

15 dicas pedagógicas para ensinar futsal - Wilton Carlos de Santana

Pedagogia do Futsal  
Wilton Carlos de Santana
Docente do Curso de Esporte − UEL (PR)
Doutor em Educação Física − UNICAMP (SP)

Relacionei neste texto quinze dicas que podem ser consideradas quando do ensino do futsal na infância. Isso é parte da minha pedagogia. São idéias que me alimentam; que entram comigo na quadra e facilitam o meu convívio com os alunos.

As aulas de futsal não devem ser apenas práticas. Portanto, (1ª) o professor deve reservar momentos que contemplem a verbalização, a troca de idéias, a reflexão, as reuniões em grupo.

Mas daria para praticar teoria independentemente da faixa etária? Sim, mas desde que se respeite a seguinte regra: quanto mais nova a criança, menos teoria. Por quê? Porque crianças têm dificuldade em se concentrar e de pensar sobre coisas abstratas e hipotéticas. Logo, (2ª) quanto mais nova a criança, a teoria deve se referir mais às coisas imediatas que ela fez ou fará, a fim de que ela recorra àquilo que manipulou ou manipulará, visualizou ou visualizará, explorou ou explorará.

(3ª) Em função do que foi dito nas dicas anteriores, não se deve abusar da linguagem verbal com crianças muito novas. Por outro lado, quando da verbalização, (4ª) sugiro que perguntas sejam feitas; que se dêem dicas. Criar um clima participativo estimulará a capacidade de reflexão das crianças.

Estas, ao falar sobre algo, tomam consciência. Isso é um prenúncio para se fazer melhor o que se faz e para a conquista da autonomia (que exige um clima cooperativo). Quando do ensino não são apenas as perguntas e dicas se constituem estratégias pedagógicas indicadas. Explicações e até demonstrações são indicadas.

(5ª) Quanto mais nova a criança, maior a preocupação em proporcionar experiências diversificadas, que exijam da criança coordenar (ordenar junto) movimentos. Por quê? Porque isso fará com que a criança tenha maior domínio sobre seus movimentos e objetos, o que facilitará para ela aprender movimentos mais complexos. Também em função de a diversidade trazer problemas a serem solucionados, constituindo-se, desse modo, um nicho adequado para o desenvolvimento da inteligência, tão necessária no esporte. Portanto, a construção e o enriquecimento dessas experiências constituem a base para um bom desempenho esportivo. Lembre-se de que, em situação de jogo, será exigido coordenar, simultaneamente, movimentos próprios, das pessoas e da bola num determinado espaço e tempo, distribuir atenção e movimentar-se com economia de esforço e inteligência.
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Isso é parte da minha pedagogia.
São ideias que me alimentam;
que entram comigo na quadra e
facilitam o meu convívio com os alunos”.
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(6ª) Devem-se considerar os jogos já conhecidos por todos para ensinar. Por quê? Vejo duas vantagens: (1ª) não há uma ruptura brusca da cultura infantil, daquilo que ela faz fora da escola, na rua; (2ª) abre-se um espaço para ensinar novas maneiras de se jogar a partir do que já é conhecido, o que facilitará o interesse (afetividade) da criança. Em garantido o interesse, cria-se o clima privilegiado para o aprendizado.

Em geral, (7ª) crianças de sete, oito anos podem desenvolver as habilidades motoras (passe, chute, drible etc.) em situação de jogo. Entretanto, em função das diferenças individuais – como, por exemplo, a história de vida de cada criança – isso acontecerá diferentemente. Por isso, nem todas podem estar sob as mesmas atividades. O desafio do professor é planejar conteúdos que sejam adequados para as crianças. Outro desafio é ensinar de forma lúdica e divertida um bom jeito de jogar futsal.

Crianças de dez, onze anos, dependendo da sua história de vida, apresentam em geral maior facilidade em coordenar a bola, o colega, o adversário e o espaço simultaneamente. Também têm uma capacidade maior de concentração. (8ª) Assim é possível criar jogos com regras mais elaboradas. Esses se tornam mais próximos do futsal propriamente dito. Aliás, é nessa fase que se deveria ensinar o futsal propriamente dito.

(9ª) Quanto mais a criança se aproxima do final da iniciação, por volta dos 12-13 anos, o descrito no enunciado acima deve se afirmar. Em contrapartida, é preciso salientar que, em alguns casos, esse período coincide com o início da puberdade. Essa nova maneira de ser deverá provocar transformações significativas em todos os aspectos da sua vida. Se pensarmos apenas no aspecto motor, é um período de reestruturação. Alterações morfológicas - como, por exemplo, o crescimento acelerado -, perturbação a qualidade dos seus movimentos. Por isso, é adequado colocá-las sob atividades diversificadas.

Em geral, (10ª) quanto mais nova a criança, menor a sua capacidade de cooperar, isto é, atuar junto, pois isso exige a coordenação de pontos de vista diferentes, de reciprocidade. Essa característica sugere um momento propício para práticas individuais (relação com a bola). Porém, isso não implica o desprezo das atividades cooperativas (que exigem atuar junto de outros) e que melhor ensinam futsal.

Em particular, (11ª) o professor poderá se envolver (jogar) com as crianças quando da prática de jogos. Haveria problema? Nenhum. Por perto, o professor poderá mediar conflitos e regulamentar, minimamente, o plano coletivo do jogo. Ser o irmão mais velho. Em geral, (12ª) quanto mais próximo o final da iniciação, maior facilidade a criança deverá apresentar para aprender detalhes e para se concentrar nas informações recebidas. Portanto, há um aumento de teoria; há um aumento das técnicas, que se referem às informações sobre como melhor executar as habilidades. Mas sem essa de transformar a aula e/ou o treino numa assembléia!

(13ª) Ensinar a jogar mediante brincadeiras, competições, nas quais predominam disputas, jogos reduzidos, que sinalizam para formações numéricas inferiores das encontradas no jogo formal e em espaços reduzidos é o mais adequado para crianças até os 08, 09 anos, pois mantêm o que é essencial: aprender a jogar jogando. Isso é essencial em virtude de o ambiente do futsal ser imprevisível e instável. Logo, as habilidades devem ser aprendidas e treinadas sob constrangimentos.

À medida que a criança avança na idade e em especial, na experiência, (14ª) os jogos adaptados ou modificados ou condicionados ou pré-desportivos (jogados sob condições especiais) deverão ser progressivamente introduzidos. Observe que esses jogos no início da iniciação, por volta dos 7,8 anos, não são muito adequados, pois as crianças não têm ainda uma boa relação com a bola, nem uma boa comunicação (jogar junto), tampouco cooperam e compreendem/respeitam muitas regras. É preferível brincar e jogar reduzido (por isso a 13ª dica!). Entretanto, não quero dizer que, eventualmente, o professor não promova jogos adaptados para os menores.

(15ª) Atenção para o aproveitamento do espaço, tempo destinado à atividade, material disponível, número de alunos. Nada de grupos numerosos, crianças em fila ou fora da quadra. Lembre-se de que o aprendizado em futsal depende de experiência prática. Logo, quanto mais generosa a participação, associada às dicas anteriores, mais oportunidades de um bom aprendizado (coordenativo, técnico-tático, sócio-moral, cognitivo).
www.pedagogiadofutsal.com.br

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